terça-feira, 6 de outubro de 2015

Os Benefícios da Prática de Meditação

 
Uma vez houve um grande mestre que pediu ao aluno para fechar os olhos e lhe descrever o que ouvia. Animado,o aluno respondeu-lhe que ouvia o barulho dos comboios, as crianças a brincar no recreio, os carros na rua, o vento na janela... Foi então que o mestre lhe perguntou: "Então e o gafanhoto que está aos teus pés?".



Hoje em dia vivemos num ritmo acelerado e frenético que nos enche de estímulos e nos curto-circuita a capacidade de parar, respirar e conectar com a essência. Torna-se mais difícil tomar decisões sobre pressão, torna-se mais difícil controlar a respiração e a ansiedade, crescendo o número de pessoas com ataques de pânico constantes em consulta psicológica. Pais tranquilos são melhores pais. Profissionais seguros e pouco ansiosos são melhores trabalhadores. Chefes empáticos são melhores líderes. E por tudo isto cresce a necessidade de voltar aos métodos ancestrais que nos permitem um tempo de qualidade connosco mesmos. Hoje usada pela psicologia clínica, a meditação é uma dessas práticas ancestrais privilegiadas. 

O que é Meditação e os seus benefícios

Originalmente ligada às práticas religiosas orientais, a meditação é hoje objecto de estudo da ciência e recomendada como terapia complementar para muitas condições médicas. 
 
"As grandes religiões orientais já sabem disso há 2.500 anos. Mas só recentemente a medicina ocidental começou a se dedicar a entender o impacto que meditar provoca em todo o organismo. E os resultados são impressionantes", diz Judson A. Brewer, professor de psiquiatria da Universidade Yale.

Iniciada na Índia e difundida em toda a Ásia, a prática começou a se popularizar no ocidente com o guru Maharishi Mahesh Yogi, que nos anos 1960 convenceu os Beatles a atravessar o planeta para aprender a meditar. Até à década passada, não tinha apoio e validação médica. Nos últimos anos, os investigadores ocidentais começaram a entender por que meditar funciona tão bem, e para tantos problemas de saúde diferentes. "Com a ressonância magnética e a tomografia, percebemos que a meditação muda o funcionamento de algumas áreas do cérebro e isso influencia o equilíbrio do organismo como um todo", afirma o psicólogo Michael Posner, da Universidade de Oregon.

A meditação não se resume a apenas uma técnica: são várias, diferindo na duração e no método (em silêncio, entoando mantras etc.). Essas variações, no entanto, não influenciam no resultado final, pois o efeito produzido no cérebro é parecido.



Na prática, aumenta a actividade do córtex cingulado anterior (área ligada à atenção e à concentração), do córtex pré-frontal (ligado à coordenação motora) e do hipocampo (que armazena a memória). Também estimula a amígdala, que regula as emoções e, quando accionada, acelera o funcionamento do hipotálamo, responsável pela sensação de relaxamento.

Melhora o sono e acelera em 30 por cento a recuperação da psoríase, baixa a tensão arterial e elimina o stress, apura a atenção, contribui para o equilíbrio emocional, e portanto, para o bem-estar profundo, ou seja, a felicidade. São os efeitos benéficos da meditação e estão certificados por estudos publicados na última década em revistas de topo como a Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS) ou a Plos Biology. 
 
Uma equipa de psiquiatria do Hospital Geral de Massachusetts (EUA) realizou o primeiro estudo sobre como a meditação afecta o cérebro. As conclusões, recentemente publicadas no «Psychiatry Research», referem que a prática regular – até oito semanas – pode levar a alterações consideráveis em determinadas regiões cerebrais, relacionadas com a memória, a autoconsciência, a empatia e o stress.



A investigação sugere ainda que a transformação é benéfica para a saúde física e mental. Apesar de ser uma prática relacionada com a tranquilidade e o relaxamento, os médicos já confirmaram que
“proporciona benefícios cognitivos e psicológicos persistentes durante um dia inteiro”, segundo referem os cientistas norte-americanos.

Desta forma, a meditação torna-se uma prática essencial nos tempos modernos, permitindo-nos um momento de paragem e reconexão que nos ajuda a relaxar, a tomar melhores decisões e a trabalhar questões emocionais que poderão estar no centro da nossa falta de qualidade de vida.

Tatiana Santos
Psicóloga Clínica, instrutora de Meditação