sábado, 5 de setembro de 2015

Exposição a violência doméstica, leva a problemas de agressividade das crianças com os pares

As crianças que assistem a cenas de violência doméstica nas suas casas são sempre uma preocupação para qualquer psicólogo e técnico. Sendo que esta forma de violência é considerada como violência indirecta, podemos dizer que estas crianças são efectivamente também vítimas de violência doméstica e, como crime público que é, ainda mais gritante se torna a necessidade de apoio e não cumplicidade da nossa parte. Os recentes estudos científicos já demonstram o efeito que esta exposição tem nas crianças, quer no que toca ao desenvolvimento emocional, cognitivo, relação com os pares, etc.



Problemas comportamentais e emocionais

Esta é talvez a área em que mais estudos se debruçaram, tendo verificado que as crianças que assistem a situações de violência doméstica tendem a exibir comportamentos mais agressivos e anti-sociais (externalização), bem como comportamentos de medo e inibição (internalização). Normalmente apresentam menos competências sociais, mais ansiedade, baixa auto-estima, depressão e problemas de temperamento. Crianças que provêm de lares onde as mães são vítimas, demonstram menos capacidades na compreensão do outro, mais dificuldades para entender emoções e perspectivas. Sobretudo os rapazes aparentam ser menos autónomos, ter mais baixo auto-controlo e mais difíceis relações com os pares. Somado a estes resultados, a teoria da aprendizagem social sugere ainda que as crianças que assistem a violência doméstica, aprenderão também mais facilmente a usá-la. Singer et al. (1998) estudaram 2,245 crianças e adolescentes e concluíram que a exposição a violência em casa era um importante factor preditor de comportamento agressivo na criança. 


Funcionamento Cognitivo e Atitudes

Vários estudos têm estabelecido correlações entre o desenvolvimento cognitivo e o testemunho de violência doméstica. Rossman (1998) associou um funcionamento cognitivo mais baixo com a exposição a violência em casa. No entanto, uma das consequências mais directas de assistir a violência doméstica, é o uso de violência como forma de resolução de conflitos. Jaffe, Wilson & Wolfe (1986) sugerem que estas crianças acabam por gerar atitudes que justifiquem o uso de violência. Carlson (1991) concluiu ainda que os rapazes vítimas indirectas de violência doméstica, têm maior tendência a aprovar o uso de violência em comparação com as raparigas. 



A violência doméstica é crime público. Se tem conhecimento destes casos, ajude a salvar estas crianças denunciando ou sensibilizando os intervenientes. Se é pai/mãe e vive uma situação do género, saiba que uma criança é mais feliz e saudável com os progenitores separados do que em permanente situação de tensão, medo e trauma ao conviver com violência no seu lar. Estas crianças têm maior probabilidade de se tornarem adultos deprimidos, violentos ou com baixa auto-estima.  Procure ajuda especializada. Mude a sua vida e faça as suas crianças felizes.

Tatiana Santos
Psicóloga Clínica




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