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sábado, 19 de setembro de 2015

O Yoga e as Crianças

Hoje em dia sabemos já que a prática de Yoga e meditação oferece vários benefícios à saúde física e mental. Estes benefícios não ocorrem apenas na idade adulta mas também em idades mais precoces.

Quando praticada na infância ajuda, por exemplo, a potenciar o rendimento escolar ou a auto-estima da criança. Nos EUA e Inglaterra existem já escolas que contemplam a prática de 10m de meditação logo pela manhã como forma de preparação para assimilar informação, e outros dez minutos ao final do dia. Yoga é uma prática milenar que une exercícios de alongamento e exercícios de meditação trabalhando corpo e mente. Yoga significa isso mesmo: união. Quando praticada por crianças, trabalha-as de forma holística, a nível global, desde o seu campo emocional até o energético e artístico.



Os benefícios confirmados da prática de Yoga são vários, como o alívio de doenças respiratórias, dor nas costas, stress e doenças psicossomáticas, perda de peso e desordens do aparelho digestivo, melhoria hormonal, na auto-estima, concentração, memória, etc.Quanto mais cedo se começar esta prática, mais estável irá estar o nosso humor, mais forte a nossa auto-estima e, sobretudo, a capacidade de olhar para dentro e reflectir acerca dos nossos sentimentos. Estes valores são cada vez mais difíceis de desenvolver já que as crianças vivem rodeadas de excesso de estímulos (tv, computador, tablets) já para não falar da overdose de informação que recebem das revistas, da escola, etc. Os pais têm pouco tempo e os meios sociais hiperestimulam as crianças levando a défices de concentração e a uma cada vez mais fraca capacidade empática e de (re)conhecimento das emoções.



A SolSchool privilegia esse caminho do equilíbrio holístico promovendo aulas de Happy Yoga não apenas para crianças, como para crianças e pais. Vivemos tempos de grande transformação. Os antigos modelos de educação estão, em certa medida, obsoletos. Devemos manter a abordagem solicitada pela escola mas temos também a responsabilidade de promover novas abordagens, potencializar novas formas de estar trabalhando os afectos e as vivências interiores. É importante que as crianças saibam quem são, o que querem e como podem colocar os seus sonhos ao seu serviço, vencendo medos e estereótipos. É isso que pretende o Happy Yoga. Não é apenas yoga, não é apenas uma modalidade. É um momento que une os benefícios de posturas de yoga, à dança, expressão e pintura criativa, massagem, acompanhamento psicológico, etc. Com várias técnicas integradas, forma uma metodologia que vai ao encontro das necessidades de cada ser, adaptando-se e fluindo, ajudando e apoiando sem críticas e julgamentos. Todos têm o seu espaço e o seu momento, promovendo-se também esta escuta activa e o trabalho de equipa.
 
Tatiana Santos
Psicóloga Clínica | Instrutora de Happy Yoga

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

A Psicopatia na Infância

Muitas vezes, ao longo da nossa prática clínica e acompanhamento de casos deparamo-nos com situações difíceis. Difíceis pois existem muitas pessoas envolvidas, difíceis pelo sofrimento que causam, difíceis porque percebemos as problemáticas que futuramente daí poderão advir. Há crianças que reagem com agressividade de forma reactiva. Há crianças que usam a agressividade porque mimetizaram comportamentos em casa. Mas o facto é que existe uma pequena franja de crianças que sofre de uma outra condição. 

A psicopatia em crianças pequenas não é assim tão frequente mas existe. Existem casos muito dolorosos de crianças que assassinam outras crianças ou até familiares em casa, sem sentirem qualquer remorso pelo sucedido. Começamos a pensar neste diagnóstico quando a criança possui uma persistente incapacidade de sentir empatia pelos outros, principalmente quando os outros estão feridos ou sentem dores. Isto aliado à crueldade para com animais ou outras crianças começa a dar-nos contornos preocupantes. Para alguns especialistas é possível começar a identificar traços de psicopatia em crianças a partir dos 3 anos. Outros dizem não ser possível por ainda não haver personalidade formada. 



A questão é que longe vai o tempo em que a Psicanálise atribuía este comportamento apenas à educação e à sociedade. Actualmente, com os novos estudos e desenvolvimentos na área das Neurociências sabe-se que os distúrbios no sistema límbico (cérebro) podem levar ao aparecimento destes quadros em idades bastante precoces.  A psiquiatra Ana Beatriz Silva (livro Mentes Perigosas) diz mesmo que essas crianças e adolescentes podem estar por detrás dos mais graves episódios de Bullying conhecidos. Estas crianças cedo aprendem a mentir (atribuindo a culpa a outros, dizendo que foram agredidos e não agrediram) e a manipular emocionalmente os familiares e educadores (abraçando, dando beijinhos) de forma a conseguirem que a culpa não lhes seja imputada. 

O psiquiatra Fábio Barbirato (Brasil) e Stephen Scott (Instituto de Psiquiatria em Londres) afirmam que a partir dos 3 anos de idade se conseguem perceber estes traços de psicopatia em crianças. As crianças com transtorno de comportamento antissocial "não conseguem entender ou estar na pele de outra pessoa, são insensíveis e simplesmente não se importam". (Stephen Scott). Estudos mostram que os principais indícios que nos dizem que uma criança pode sofrer desta condição são os seguintes (a criança não tem de apresentar todos os sintomas da lista):

- mentem e, com o tempo, as mentiram vão sendo mais elaboradas
- tentam manipular emocionalmente ou fazer chantagem
- podem roubar
- praticam maldades contra amigos e/ou familiares sem arrependimento
- maltratam, torturam e até matam animais 
- não toleram frustração
- explodem ao serem contrariados
- culpam os outros pelos seus erros
- são egocêntricos
- não são solidários com os amigos 
- têm dificuldade em fazer amigos
- são arrogantes até com os familiares, ofendendo muitas vezes
- demonstram prazer ao ferir alguém, muitas vezes sorrindo
- cometem actos de vandalismo

Segundo Essi Viding (University College London) este problema não tem de estar ligado a maus tratos ou abusos existindo uma vulnerabilidade genética. Claro que o papel ambiental não pode ficar de fora. As crianças podem tornar-se ansiosas, desconfiadas e agressivas se não se sentirem seguras e protegidas pelos pais nos primeiros tempos de vida. Crianças seguras, sentem-se seguras no exterior e são mais adaptáveis. 



Mary Flora Bell (Inglaterra) é o caso mundialmente mais conhecido e divulgado desta problemática. Aos 4 anos a menina tentou estrangular um amigo e aos 10 matou duas crianças de 3 e 4 anos deixando o mundo perplexo. Mary Bell ficou 11 anos presa numa instituição psiquiátrica tendo alta em 1980. Muitos outros casos existem pelo Mundo deixando familiares e terapeutas de luto. Estas crianças precisam de acompanhamento médico e psicoterapêutico desde cedo e a atenção aos sintomas é a chave para uma melhor integração e prognóstico futuro.


Tatiana Santos
Psicóloga Clínica



sábado, 5 de setembro de 2015

Exposição a violência doméstica, leva a problemas de agressividade das crianças com os pares

As crianças que assistem a cenas de violência doméstica nas suas casas são sempre uma preocupação para qualquer psicólogo e técnico. Sendo que esta forma de violência é considerada como violência indirecta, podemos dizer que estas crianças são efectivamente também vítimas de violência doméstica e, como crime público que é, ainda mais gritante se torna a necessidade de apoio e não cumplicidade da nossa parte. Os recentes estudos científicos já demonstram o efeito que esta exposição tem nas crianças, quer no que toca ao desenvolvimento emocional, cognitivo, relação com os pares, etc.



Problemas comportamentais e emocionais

Esta é talvez a área em que mais estudos se debruçaram, tendo verificado que as crianças que assistem a situações de violência doméstica tendem a exibir comportamentos mais agressivos e anti-sociais (externalização), bem como comportamentos de medo e inibição (internalização). Normalmente apresentam menos competências sociais, mais ansiedade, baixa auto-estima, depressão e problemas de temperamento. Crianças que provêm de lares onde as mães são vítimas, demonstram menos capacidades na compreensão do outro, mais dificuldades para entender emoções e perspectivas. Sobretudo os rapazes aparentam ser menos autónomos, ter mais baixo auto-controlo e mais difíceis relações com os pares. Somado a estes resultados, a teoria da aprendizagem social sugere ainda que as crianças que assistem a violência doméstica, aprenderão também mais facilmente a usá-la. Singer et al. (1998) estudaram 2,245 crianças e adolescentes e concluíram que a exposição a violência em casa era um importante factor preditor de comportamento agressivo na criança. 


Funcionamento Cognitivo e Atitudes

Vários estudos têm estabelecido correlações entre o desenvolvimento cognitivo e o testemunho de violência doméstica. Rossman (1998) associou um funcionamento cognitivo mais baixo com a exposição a violência em casa. No entanto, uma das consequências mais directas de assistir a violência doméstica, é o uso de violência como forma de resolução de conflitos. Jaffe, Wilson & Wolfe (1986) sugerem que estas crianças acabam por gerar atitudes que justifiquem o uso de violência. Carlson (1991) concluiu ainda que os rapazes vítimas indirectas de violência doméstica, têm maior tendência a aprovar o uso de violência em comparação com as raparigas. 



A violência doméstica é crime público. Se tem conhecimento destes casos, ajude a salvar estas crianças denunciando ou sensibilizando os intervenientes. Se é pai/mãe e vive uma situação do género, saiba que uma criança é mais feliz e saudável com os progenitores separados do que em permanente situação de tensão, medo e trauma ao conviver com violência no seu lar. Estas crianças têm maior probabilidade de se tornarem adultos deprimidos, violentos ou com baixa auto-estima.  Procure ajuda especializada. Mude a sua vida e faça as suas crianças felizes.

Tatiana Santos
Psicóloga Clínica




domingo, 30 de agosto de 2015

O Mutismo Selectivo em Idade Precoce

Em primeiro lugar convém explicar afinal o que é isto de "mutismo selectivo". Até porque se tratam de crianças que, em casa, falam sem problemas e apenas não o fazem na presença de estranhos ou de outros ambientes particulares. Este tipo de mutismo pode ser compreendido como um medo de falar de forma espontânea, que surge sobretudo em contextos externos ao ambiente familiar e que se pode prolongar até à fase da adolescência. Para os especialistas, este tipo de mutismo selectivo surge como uma perturbação de ansiedade que ocorre normalmente nas crianças mais pequenas (3 anos de idade). Contudo, as queixas costumam ser acentuadas mais no final do pré-escolar e início do 1.º ciclo devido às dinâmicas de sala de aula. 

É também nesta idade que as crianças têm mais dificuldade em estabelecer contactos com pessoas estranhas à família. Falamos de crianças que não têm efectivamente qualquer perturbação da linguagem ou atraso cognitivo. Não falam devido ao medo/ansiedade que sentem perante estranhos ou pessoas com as quais não se sentem à vontade.



Este problema acaba por interferir na realização escolar e na comunicação social. Devemos perceber se ocorre apenas no momento de transição, quando da entrada da criança para a escola (pois há um período adaptativo em que muitas mudanças têm lugar) ou se a situação se prolonga. Quando este mutismo se prolonga no tempo e começa a aplicar-se a praticamente todas as pessoas com excepção dos pais / cuidadores, a integridade física e mental da criança fica em risco. Surgem dificuldades na avaliação educativa destas crianças, os amigos afastam-se durante as brincadeiras sociais, a auto-estima diminui e até a sua saúde física pode ficar comprometida já que estes/as meninos/as evitam pedir aos educadores para ir à casa-de-banho, dizer que têm fome ou sede, etc. Normalmente falamos de crianças tímidas, inseguras, perfeccionistas. Comunicam essencialmente através de gestos e se usarem a fala, fazem-no num volume muito baixo (até ao ouvido).

Os papás destas crianças devem procurar estimular a comunicação desde cedo, evitar o uso de expressões depreciativas ("não tens vergonha"), evitar falar do problema com outras pessoas à sua frente, não obrigar a criança a falar quando esta se recusa, não se zangar ou castigar a criança devido a este comportamento, sempre que a criança falar baixinho responder "não consigo ouvir" para tentar que fale mais alto, dar tarefas à sua criança tais como recados em que tem de pedir coisas a alguém, convidar amigos para irem a sua casa de forma a que a criança tenha mais contacto com diferentes pessoas, colocar a criança em actividades extra-curriculares (ATLs) e ter alguma paciência para não forçar a mudança dando ao seu filho o tempo que necessita. 


Os Educadores destes meninos devem dar-lhes tempo, criar um ambiente descontraído e livre de stress, usar expressões encorajadoras ("tens tempo", "se não falares hoje, falas amanhã"), não deixar que outros meninos falem na sua vez, incentivar a interacção social colocando estas crianças primeiro em pequenos grupos, evitar rótulos, contar histórias de meninos que têm medo de falar mas conseguem vencer o problema, reforçar positivamente todas as intervenções da criança, ter calma, paciência e atribuir-lhe tarefas de responsabilidade na sala para que possa ir ganhando segurança.

O apoio psicológico é uma mais valia, sobretudo se feito em equipa junto com os pais, educadoras e auxiliares.  


Tatiana Santos
Psicóloga Clínica