domingo, 27 de dezembro de 2015

Contrariando o TER, substitua-o pelo SER

Encontramo-nos numa época muito especial. Independentemente da religião ou cultura, várias são as correntes que, neste período, a celebram. Os católicos brindam ao nascimento do menino, outras ao nascimento da Luz após o solstício de Inverno. Os dias começam a crescer depois do dia mais curto do ano e a família festeja as mudanças de estação. Festeja-se a esperança, a união e a paz



No entanto, com o passar dos anos, a época ganhou contornos muito pouco simbólicos. Da recordação no sapatinho à lareira, o consumismo disparou para uma torrente de prendas específicas que vão desde brinquedos a jogos, passando por carros e viagens. As empresas - especialistas em Marketing - sabem bem aproveitar a deixa e promovem de forma contínua e bombástica a necessidade de certos produtos. Assistimos impávidos a essa lavagem cerebral acreditando mesmo que só seremos mais felizes se tivermos o novo iPhone 6 ou a boneca Winx mais recente.


Como o tempo que passamos em família não é muito, pois habituamo-nos a viver a um ritmo desenfreado e desligado uns dos outros, dificilmente conseguimos incutir nos nossos filhos algumas questões fundamentais para que se ganhe imunidade a estes e outros charmes e apelações. É importante praticar com eles actividades que lhes permitam sentir. Que lhes permitam entrar em contacto com eles mesmos. É importante parar – de vez em quando – juntamente com eles e simplesmente apreciar o momento. Um por do sol, o mar a rebentar na areia, a visão de um vale, um gato que brinca... se não sabemos parar, eles também não saberão. É importante conversar com eles sobre o que somos e o que queremos ser. Não as profissões que queremos TER mas as pessoas que sonhamos SER. Na época que agora atravessamos, o Ser deve ser cultivado e deverá substituir gradualmente o espaço ocupado pelo materialismo que isola as classes e afasta as famílias. As crianças serão a sociedade amanhã. Queremos uma sociedade justa, empática e com compaixão. Para isso precisamos abandonar um paradigma que há muito se tornou fétido e obsoleto. Por nós, para nós e por um mundo melhor onde o Amor seja a palavra chave... Boas festas!

Tatiana Santos
Psicóloga Clínica e da Saúde

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

As Artes Marciais na Infância

As Artes Marciais são disciplinas físicas e mentais com um importante passado e história de compromisso, dedicação, respeito e disciplina. Têm como objectivo o desenvolvimento pessoal e físico dos seus praticantes. Actualmente, as artes marciais são praticadas por diferentes razões que incluem o desporto, a saúde, a defesa pessoal, o desenvolvimento pessoal e social, como disciplina da mente, formação de carácter, melhoria do equilíbrio e coordenação, auto-estima, etc.

São modalidades muito completas enquanto formas de expressão do ser humano. Podemos encontrar o  Aikido, Jeet Kune Do, Jiu-jitsu, Judo, Karate, Shorinji Kempo, Kung Fu, Tai Chi Chuan e muitas outras modalidades que, cada vez mais, estão em voga e divulgação no Ocidente devido ao acelerado ritmo das nossas vidas.




As artes marciais são também uma óptima escolha para as crianças sobretudo aquelas que têm alguns desafios de comportamento, agitação, irritabilidade e irrequietude. Também para as que têm mais dificuldades com regras e limites. Além dos benefícios físicos óbvios, as Artes Marciais desenvolvem importantes skills (competências) nas crianças, principalmente a disciplina. O professor ou "Sensei" ensina muito mais do que só a técnica. Ajuda a mudar e moldar o carácter do aluno. Desta forma e trabalhando em equipa, a confiança e o respeito do próximo são desenvolvidos. 

Dos 2 aos 6 anos a arte marcial deve ser ensinada de forma totalmente lúdica. Dos 6 aos 12, havendo maior percepção, começa-se a treinar a disciplina da modalidade. 



Estas práticas permitem à criança uma maior evolução da sua condição física, coordenação motora e dos reflexos. Trabalham o Sistema Imunitário, a mobilidade das articulações mas também a auto-estima, auto-confiança, disciplina, respeito, resistência à frustração, estabelecimento de limites, reduz a ansiedade e equilibra as emoções.

É importante saber-se que estas são práticas de superação individual e respeito pelo outro. Não devem incentivar a violência mas a resiliência. 

Tatiana Santos
Psicóloga Clínica e da Saúde

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Os Riscos da Obesidade Infantil

155 milhões de crianças em idade escolar no mundo têm excesso de peso ou são obesas

 

Estes dados são alarmantes e os números em Portugal também. Devemos todos colocar a mão nas consciências de forma a perceber o que temos feito e que dinâmicas mudaram, para que estes resultados estejam agora a ser visíveis. Lembro-me de ser criança e correr. Correr tanto que caia. Sujar-me, rebolar na terra. Lembro-me de comer em casa, com os meus pais e ser um martírio regatear um Bollycao com a minha mãe. "Isso só te vai fazer mal" - dizia-me. Lembro-me de almoçar fora, comida normal, do "tipo-caseiro". Não haviam McDonalds nem gomas à noite se me portasse bem. Se me portasse bem tinha uma refeição saudável... e não açúcar. Hoje as dinâmicas mudaram. As brincadeiras são à frente dos tablets. As recompensas traduzem-se em açúcar (energia que não é queimada), fast-food (à base de gorduras) e refrigerantes. São prémios, dizem os pais, quando se portam bem. Se se portarem bem podem ter mais um prego no caixão. Estou claramente a ser drástica com as palavras, porque os números são também eles drásticos. Associadas à obesidade vêm muitas outras doenças e damos por nós a ter em mãos adolescentes hipertensos, diabéticos, deprimidos e socialmente isolados. 

Em Portugal, uma em cada três crianças tem este problema de saúde. Segundo o estudo da APCOI (2013-2014) que contou com 18.374 crianças, 33,3% das crianças entre os 2 e os 12 anos têm excesso de peso, das quais 16,8% são obesas. De acordo com a Comissão Europeia, Portugal está entre os países da Europa com maior número de crianças afectadas por esta epidemia.

E temos então a obesidade infantil associada ao desenvolvimento de outras doenças graves. Uma criança obesa está em risco de vir a sofrer graves problemas de saúde durante a sua adolescência e idade adulta. Desde a maior probabilidade de desenvolver doenças cardiovasculares, hipertensão, diabetes, asma, doenças do fígado, apneia do sono a vários tipos de cancro. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, a obesidade é a segunda principal causa de morte no mundo que se pode prevenir, a seguir ao tabaco. As crianças obesas enfrentam ainda severos problemas sociais e psicológicos. Estão mais sujeitas a ataques de bullying e outros tipos de discriminação. Se não receberem apoio especializado poderão sofrer ainda de depressão ou outras doenças do foro psicológico quando atingirem a idade adulta.

 

Causas para a obesidade

A inactividade física é apontada pela OMS como uma das principais causas para a existência de obesidade. Segundo os dados mais recentes para Portugal, entre os 15 ou mais anos, 53,9% dos portugueses não fazem qualquer exercício, sendo que 50% dos homens não praticam qualquer desporto e 57,5% das mulheres também.  Além da actividade física, a OMS aconselha ao consumo mínimo de alimentos ricos em gordura saturada, a uma maior aposta nas frutas e vegetais e na redução do sal. Quanto ao sal, devem ser utilizados cinco gramas diários, menos de metade do que em Portugal é usado à mesa (12,3 gramas).

Os pais também podem e devem ajudar a criança a adoptar hábitos de alimentação saudáveis:
  • Evitar comprar alimentos industrializados (açucarados ou gordurosos), como bolachas, refeições pré-preparadas, gomas, etc;
  • Comprar uma grande variedade de frutas e legumes e dar preferência às frutas cítricas e aos vegetais comidos crus; Adopte frutas da época e aproveite para as apresentar de forma dinâmica e apelativa.
  • Os vegetais que necessitam ser cozidos, feijão verde, a beringela, abóbora ou cenoura, devem ser preparados ao vapor, sem sal e o azeite deve ser adicionado em pouca quantidade;
  • Cortar nos refrigerantes e fast food, dando preferência à água e sumos de fruta naturais sem açúcar;
  • Comprar um prato de tamanho infantil; Não dar ao seu filho a refeição num prato grande
  • Evitar que a criança fique distraída durante a refeição, não deixando que veja televisão ou utilize jogos; Assim comerá de forma mais consciente do seu corpo 

A prática regular de exercício físico é fundamental para ajudar a criança a perder peso.

  • Limitar o uso de computador e televisão a 1 hora por dia e nunca antes do deitar;
  • Procurar actividades que a criança goste;
  • Incentivar a família a participar regularmente actividades ao ar livre juntamente com a criança;
  • Permitir que a criança experimente várias actividades até escolher a sua de eleição como artes marciais, natação, dança, yoga ou futebol.

Tatiana Santos
psicologa.tatianasantos@gmail.com
Psicóloga Clínica e da Saúde
Especialista em Perturbações Alimentares e Obesidade (Madrid)

 

 

terça-feira, 6 de outubro de 2015

Os Benefícios da Prática de Meditação

 
Uma vez houve um grande mestre que pediu ao aluno para fechar os olhos e lhe descrever o que ouvia. Animado,o aluno respondeu-lhe que ouvia o barulho dos comboios, as crianças a brincar no recreio, os carros na rua, o vento na janela... Foi então que o mestre lhe perguntou: "Então e o gafanhoto que está aos teus pés?".



Hoje em dia vivemos num ritmo acelerado e frenético que nos enche de estímulos e nos curto-circuita a capacidade de parar, respirar e conectar com a essência. Torna-se mais difícil tomar decisões sobre pressão, torna-se mais difícil controlar a respiração e a ansiedade, crescendo o número de pessoas com ataques de pânico constantes em consulta psicológica. Pais tranquilos são melhores pais. Profissionais seguros e pouco ansiosos são melhores trabalhadores. Chefes empáticos são melhores líderes. E por tudo isto cresce a necessidade de voltar aos métodos ancestrais que nos permitem um tempo de qualidade connosco mesmos. Hoje usada pela psicologia clínica, a meditação é uma dessas práticas ancestrais privilegiadas. 

O que é Meditação e os seus benefícios

Originalmente ligada às práticas religiosas orientais, a meditação é hoje objecto de estudo da ciência e recomendada como terapia complementar para muitas condições médicas. 
 
"As grandes religiões orientais já sabem disso há 2.500 anos. Mas só recentemente a medicina ocidental começou a se dedicar a entender o impacto que meditar provoca em todo o organismo. E os resultados são impressionantes", diz Judson A. Brewer, professor de psiquiatria da Universidade Yale.

Iniciada na Índia e difundida em toda a Ásia, a prática começou a se popularizar no ocidente com o guru Maharishi Mahesh Yogi, que nos anos 1960 convenceu os Beatles a atravessar o planeta para aprender a meditar. Até à década passada, não tinha apoio e validação médica. Nos últimos anos, os investigadores ocidentais começaram a entender por que meditar funciona tão bem, e para tantos problemas de saúde diferentes. "Com a ressonância magnética e a tomografia, percebemos que a meditação muda o funcionamento de algumas áreas do cérebro e isso influencia o equilíbrio do organismo como um todo", afirma o psicólogo Michael Posner, da Universidade de Oregon.

A meditação não se resume a apenas uma técnica: são várias, diferindo na duração e no método (em silêncio, entoando mantras etc.). Essas variações, no entanto, não influenciam no resultado final, pois o efeito produzido no cérebro é parecido.



Na prática, aumenta a actividade do córtex cingulado anterior (área ligada à atenção e à concentração), do córtex pré-frontal (ligado à coordenação motora) e do hipocampo (que armazena a memória). Também estimula a amígdala, que regula as emoções e, quando accionada, acelera o funcionamento do hipotálamo, responsável pela sensação de relaxamento.

Melhora o sono e acelera em 30 por cento a recuperação da psoríase, baixa a tensão arterial e elimina o stress, apura a atenção, contribui para o equilíbrio emocional, e portanto, para o bem-estar profundo, ou seja, a felicidade. São os efeitos benéficos da meditação e estão certificados por estudos publicados na última década em revistas de topo como a Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS) ou a Plos Biology. 
 
Uma equipa de psiquiatria do Hospital Geral de Massachusetts (EUA) realizou o primeiro estudo sobre como a meditação afecta o cérebro. As conclusões, recentemente publicadas no «Psychiatry Research», referem que a prática regular – até oito semanas – pode levar a alterações consideráveis em determinadas regiões cerebrais, relacionadas com a memória, a autoconsciência, a empatia e o stress.



A investigação sugere ainda que a transformação é benéfica para a saúde física e mental. Apesar de ser uma prática relacionada com a tranquilidade e o relaxamento, os médicos já confirmaram que
“proporciona benefícios cognitivos e psicológicos persistentes durante um dia inteiro”, segundo referem os cientistas norte-americanos.

Desta forma, a meditação torna-se uma prática essencial nos tempos modernos, permitindo-nos um momento de paragem e reconexão que nos ajuda a relaxar, a tomar melhores decisões e a trabalhar questões emocionais que poderão estar no centro da nossa falta de qualidade de vida.

Tatiana Santos
Psicóloga Clínica, instrutora de Meditação



sábado, 19 de setembro de 2015

O Yoga e as Crianças

Hoje em dia sabemos já que a prática de Yoga e meditação oferece vários benefícios à saúde física e mental. Estes benefícios não ocorrem apenas na idade adulta mas também em idades mais precoces.

Quando praticada na infância ajuda, por exemplo, a potenciar o rendimento escolar ou a auto-estima da criança. Nos EUA e Inglaterra existem já escolas que contemplam a prática de 10m de meditação logo pela manhã como forma de preparação para assimilar informação, e outros dez minutos ao final do dia. Yoga é uma prática milenar que une exercícios de alongamento e exercícios de meditação trabalhando corpo e mente. Yoga significa isso mesmo: união. Quando praticada por crianças, trabalha-as de forma holística, a nível global, desde o seu campo emocional até o energético e artístico.



Os benefícios confirmados da prática de Yoga são vários, como o alívio de doenças respiratórias, dor nas costas, stress e doenças psicossomáticas, perda de peso e desordens do aparelho digestivo, melhoria hormonal, na auto-estima, concentração, memória, etc.Quanto mais cedo se começar esta prática, mais estável irá estar o nosso humor, mais forte a nossa auto-estima e, sobretudo, a capacidade de olhar para dentro e reflectir acerca dos nossos sentimentos. Estes valores são cada vez mais difíceis de desenvolver já que as crianças vivem rodeadas de excesso de estímulos (tv, computador, tablets) já para não falar da overdose de informação que recebem das revistas, da escola, etc. Os pais têm pouco tempo e os meios sociais hiperestimulam as crianças levando a défices de concentração e a uma cada vez mais fraca capacidade empática e de (re)conhecimento das emoções.



A SolSchool privilegia esse caminho do equilíbrio holístico promovendo aulas de Happy Yoga não apenas para crianças, como para crianças e pais. Vivemos tempos de grande transformação. Os antigos modelos de educação estão, em certa medida, obsoletos. Devemos manter a abordagem solicitada pela escola mas temos também a responsabilidade de promover novas abordagens, potencializar novas formas de estar trabalhando os afectos e as vivências interiores. É importante que as crianças saibam quem são, o que querem e como podem colocar os seus sonhos ao seu serviço, vencendo medos e estereótipos. É isso que pretende o Happy Yoga. Não é apenas yoga, não é apenas uma modalidade. É um momento que une os benefícios de posturas de yoga, à dança, expressão e pintura criativa, massagem, acompanhamento psicológico, etc. Com várias técnicas integradas, forma uma metodologia que vai ao encontro das necessidades de cada ser, adaptando-se e fluindo, ajudando e apoiando sem críticas e julgamentos. Todos têm o seu espaço e o seu momento, promovendo-se também esta escuta activa e o trabalho de equipa.
 
Tatiana Santos
Psicóloga Clínica | Instrutora de Happy Yoga

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

A Psicopatia na Infância

Muitas vezes, ao longo da nossa prática clínica e acompanhamento de casos deparamo-nos com situações difíceis. Difíceis pois existem muitas pessoas envolvidas, difíceis pelo sofrimento que causam, difíceis porque percebemos as problemáticas que futuramente daí poderão advir. Há crianças que reagem com agressividade de forma reactiva. Há crianças que usam a agressividade porque mimetizaram comportamentos em casa. Mas o facto é que existe uma pequena franja de crianças que sofre de uma outra condição. 

A psicopatia em crianças pequenas não é assim tão frequente mas existe. Existem casos muito dolorosos de crianças que assassinam outras crianças ou até familiares em casa, sem sentirem qualquer remorso pelo sucedido. Começamos a pensar neste diagnóstico quando a criança possui uma persistente incapacidade de sentir empatia pelos outros, principalmente quando os outros estão feridos ou sentem dores. Isto aliado à crueldade para com animais ou outras crianças começa a dar-nos contornos preocupantes. Para alguns especialistas é possível começar a identificar traços de psicopatia em crianças a partir dos 3 anos. Outros dizem não ser possível por ainda não haver personalidade formada. 



A questão é que longe vai o tempo em que a Psicanálise atribuía este comportamento apenas à educação e à sociedade. Actualmente, com os novos estudos e desenvolvimentos na área das Neurociências sabe-se que os distúrbios no sistema límbico (cérebro) podem levar ao aparecimento destes quadros em idades bastante precoces.  A psiquiatra Ana Beatriz Silva (livro Mentes Perigosas) diz mesmo que essas crianças e adolescentes podem estar por detrás dos mais graves episódios de Bullying conhecidos. Estas crianças cedo aprendem a mentir (atribuindo a culpa a outros, dizendo que foram agredidos e não agrediram) e a manipular emocionalmente os familiares e educadores (abraçando, dando beijinhos) de forma a conseguirem que a culpa não lhes seja imputada. 

O psiquiatra Fábio Barbirato (Brasil) e Stephen Scott (Instituto de Psiquiatria em Londres) afirmam que a partir dos 3 anos de idade se conseguem perceber estes traços de psicopatia em crianças. As crianças com transtorno de comportamento antissocial "não conseguem entender ou estar na pele de outra pessoa, são insensíveis e simplesmente não se importam". (Stephen Scott). Estudos mostram que os principais indícios que nos dizem que uma criança pode sofrer desta condição são os seguintes (a criança não tem de apresentar todos os sintomas da lista):

- mentem e, com o tempo, as mentiram vão sendo mais elaboradas
- tentam manipular emocionalmente ou fazer chantagem
- podem roubar
- praticam maldades contra amigos e/ou familiares sem arrependimento
- maltratam, torturam e até matam animais 
- não toleram frustração
- explodem ao serem contrariados
- culpam os outros pelos seus erros
- são egocêntricos
- não são solidários com os amigos 
- têm dificuldade em fazer amigos
- são arrogantes até com os familiares, ofendendo muitas vezes
- demonstram prazer ao ferir alguém, muitas vezes sorrindo
- cometem actos de vandalismo

Segundo Essi Viding (University College London) este problema não tem de estar ligado a maus tratos ou abusos existindo uma vulnerabilidade genética. Claro que o papel ambiental não pode ficar de fora. As crianças podem tornar-se ansiosas, desconfiadas e agressivas se não se sentirem seguras e protegidas pelos pais nos primeiros tempos de vida. Crianças seguras, sentem-se seguras no exterior e são mais adaptáveis. 



Mary Flora Bell (Inglaterra) é o caso mundialmente mais conhecido e divulgado desta problemática. Aos 4 anos a menina tentou estrangular um amigo e aos 10 matou duas crianças de 3 e 4 anos deixando o mundo perplexo. Mary Bell ficou 11 anos presa numa instituição psiquiátrica tendo alta em 1980. Muitos outros casos existem pelo Mundo deixando familiares e terapeutas de luto. Estas crianças precisam de acompanhamento médico e psicoterapêutico desde cedo e a atenção aos sintomas é a chave para uma melhor integração e prognóstico futuro.


Tatiana Santos
Psicóloga Clínica



sábado, 5 de setembro de 2015

Exposição a violência doméstica, leva a problemas de agressividade das crianças com os pares

As crianças que assistem a cenas de violência doméstica nas suas casas são sempre uma preocupação para qualquer psicólogo e técnico. Sendo que esta forma de violência é considerada como violência indirecta, podemos dizer que estas crianças são efectivamente também vítimas de violência doméstica e, como crime público que é, ainda mais gritante se torna a necessidade de apoio e não cumplicidade da nossa parte. Os recentes estudos científicos já demonstram o efeito que esta exposição tem nas crianças, quer no que toca ao desenvolvimento emocional, cognitivo, relação com os pares, etc.



Problemas comportamentais e emocionais

Esta é talvez a área em que mais estudos se debruçaram, tendo verificado que as crianças que assistem a situações de violência doméstica tendem a exibir comportamentos mais agressivos e anti-sociais (externalização), bem como comportamentos de medo e inibição (internalização). Normalmente apresentam menos competências sociais, mais ansiedade, baixa auto-estima, depressão e problemas de temperamento. Crianças que provêm de lares onde as mães são vítimas, demonstram menos capacidades na compreensão do outro, mais dificuldades para entender emoções e perspectivas. Sobretudo os rapazes aparentam ser menos autónomos, ter mais baixo auto-controlo e mais difíceis relações com os pares. Somado a estes resultados, a teoria da aprendizagem social sugere ainda que as crianças que assistem a violência doméstica, aprenderão também mais facilmente a usá-la. Singer et al. (1998) estudaram 2,245 crianças e adolescentes e concluíram que a exposição a violência em casa era um importante factor preditor de comportamento agressivo na criança. 


Funcionamento Cognitivo e Atitudes

Vários estudos têm estabelecido correlações entre o desenvolvimento cognitivo e o testemunho de violência doméstica. Rossman (1998) associou um funcionamento cognitivo mais baixo com a exposição a violência em casa. No entanto, uma das consequências mais directas de assistir a violência doméstica, é o uso de violência como forma de resolução de conflitos. Jaffe, Wilson & Wolfe (1986) sugerem que estas crianças acabam por gerar atitudes que justifiquem o uso de violência. Carlson (1991) concluiu ainda que os rapazes vítimas indirectas de violência doméstica, têm maior tendência a aprovar o uso de violência em comparação com as raparigas. 



A violência doméstica é crime público. Se tem conhecimento destes casos, ajude a salvar estas crianças denunciando ou sensibilizando os intervenientes. Se é pai/mãe e vive uma situação do género, saiba que uma criança é mais feliz e saudável com os progenitores separados do que em permanente situação de tensão, medo e trauma ao conviver com violência no seu lar. Estas crianças têm maior probabilidade de se tornarem adultos deprimidos, violentos ou com baixa auto-estima.  Procure ajuda especializada. Mude a sua vida e faça as suas crianças felizes.

Tatiana Santos
Psicóloga Clínica




domingo, 30 de agosto de 2015

O Mutismo Selectivo em Idade Precoce

Em primeiro lugar convém explicar afinal o que é isto de "mutismo selectivo". Até porque se tratam de crianças que, em casa, falam sem problemas e apenas não o fazem na presença de estranhos ou de outros ambientes particulares. Este tipo de mutismo pode ser compreendido como um medo de falar de forma espontânea, que surge sobretudo em contextos externos ao ambiente familiar e que se pode prolongar até à fase da adolescência. Para os especialistas, este tipo de mutismo selectivo surge como uma perturbação de ansiedade que ocorre normalmente nas crianças mais pequenas (3 anos de idade). Contudo, as queixas costumam ser acentuadas mais no final do pré-escolar e início do 1.º ciclo devido às dinâmicas de sala de aula. 

É também nesta idade que as crianças têm mais dificuldade em estabelecer contactos com pessoas estranhas à família. Falamos de crianças que não têm efectivamente qualquer perturbação da linguagem ou atraso cognitivo. Não falam devido ao medo/ansiedade que sentem perante estranhos ou pessoas com as quais não se sentem à vontade.



Este problema acaba por interferir na realização escolar e na comunicação social. Devemos perceber se ocorre apenas no momento de transição, quando da entrada da criança para a escola (pois há um período adaptativo em que muitas mudanças têm lugar) ou se a situação se prolonga. Quando este mutismo se prolonga no tempo e começa a aplicar-se a praticamente todas as pessoas com excepção dos pais / cuidadores, a integridade física e mental da criança fica em risco. Surgem dificuldades na avaliação educativa destas crianças, os amigos afastam-se durante as brincadeiras sociais, a auto-estima diminui e até a sua saúde física pode ficar comprometida já que estes/as meninos/as evitam pedir aos educadores para ir à casa-de-banho, dizer que têm fome ou sede, etc. Normalmente falamos de crianças tímidas, inseguras, perfeccionistas. Comunicam essencialmente através de gestos e se usarem a fala, fazem-no num volume muito baixo (até ao ouvido).

Os papás destas crianças devem procurar estimular a comunicação desde cedo, evitar o uso de expressões depreciativas ("não tens vergonha"), evitar falar do problema com outras pessoas à sua frente, não obrigar a criança a falar quando esta se recusa, não se zangar ou castigar a criança devido a este comportamento, sempre que a criança falar baixinho responder "não consigo ouvir" para tentar que fale mais alto, dar tarefas à sua criança tais como recados em que tem de pedir coisas a alguém, convidar amigos para irem a sua casa de forma a que a criança tenha mais contacto com diferentes pessoas, colocar a criança em actividades extra-curriculares (ATLs) e ter alguma paciência para não forçar a mudança dando ao seu filho o tempo que necessita. 


Os Educadores destes meninos devem dar-lhes tempo, criar um ambiente descontraído e livre de stress, usar expressões encorajadoras ("tens tempo", "se não falares hoje, falas amanhã"), não deixar que outros meninos falem na sua vez, incentivar a interacção social colocando estas crianças primeiro em pequenos grupos, evitar rótulos, contar histórias de meninos que têm medo de falar mas conseguem vencer o problema, reforçar positivamente todas as intervenções da criança, ter calma, paciência e atribuir-lhe tarefas de responsabilidade na sala para que possa ir ganhando segurança.

O apoio psicológico é uma mais valia, sobretudo se feito em equipa junto com os pais, educadoras e auxiliares.  


Tatiana Santos
Psicóloga Clínica


  

terça-feira, 25 de agosto de 2015

Depressão e Ansiedade Cada Vez Mais Cedo

As nossas crianças, entre os 4 e os 17 anos, sofrem mais de depressão e patologias relacionadas com estados ansiosos. De acordo com os dados divulgados pelo Daily Mail, as crianças estão, cada vez mais, a ser encaminhadas para acompanhamento devido em grande parte ao uso excessivo de redes sociais. Isto porque há uma exposição cada vez maior e aumentam também os casos de Ciber bullying.

Em apenas um ano, cerca de 3 mil crianças foram encaminhadas para apoio psicológico em Sussex (Inglaterra). A pressão provocada pelas redes sociais e também pela precoce sexualização das crianças online, abre portas para perturbações ansiosas e em alguns casos para práticas criminosas como a pedofilia.


No entanto, todos estes problemas podem ser evitados e atenuados. Os pais têm aqui um papel decisivo devendo estar atentos a vários sinais e sintomas. As crianças, embora pequenas e muitas vezes incapazes de explicarem por palavras o que estão a sentir, transmitem de forma comportamental as suas emoções. Esses comportamentos podem ser um aumento da agressividade ou uma maior prostração e perda de motivação, alterações no sono, alterações no apetite, mudanças nas brincadeiras, pesadelos recorrentes, etc. 

Esteja presente no dia-a-dia dos seus filhos e procure estar atento aos sinais que exprimem. Caso note alterações significativas, consulte um especialista. 

Tatiana Santos, Psicóloga Clínica

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

A Depressão Pós-Parto nos Homens

Ao contrário do que a maior parte das pessoas pensa, a depressão pós-parto não atinge apenas as mulheres. Claro que se trata de uma situação mais frequente nas mães, no entanto, o mesmo pode ocorrer nos pais, segundo uma pesquisa publicada na revista The Journal of American Medical Association. Cerca de 10,4 % dos homens podem desenvolver depressão pós-parto, alcançando o ápice entre o terceiro e o sexto mês após o nascimento do bebé.


No caso da mãe desenvolver também a mesma condição, o estado dos pais pode agravar-se chegando a ser duas vezes mais frequente. A depressão pós-parto é um problema grave que pode comprometer o bem-estar da criança e desequilibrar toda a estrutura familiar. No caso do bebé, o seu desenvolvimento emocional na presença deste problema, pode ser afectado entre os três e os seis anos, sobretudo os meninos

Relativamente ao tratamento, no caso nos homens recomenda-se o mesmo que no caso das mulheres. Acompanhamento psicológico e, quando estritamente necessário, psiquiátrico. O apoio psicoterapêutico costuma ser bastante eficaz. Alguns sintomas de depressão pós-parto incluem a tristeza profunda, o pessimismo, a sensação de culpa, cansaço extremo, dificuldade de concentração e focar a atenção, dificuldade de tomar decisões, perda de interesse pelas actividades quotidianas e pelas dinâmicas familiares. Caso reconheça alguns destes sintomas em si ou familiares, recomende a procura de apoio especializado. A depressão não é para a vida e tem tratamento.

Tatiana Santos, Psicóloga Clínica


sábado, 8 de agosto de 2015

Os Benefícios da Convivência com Cães

Ao contrário do que a maior parte dos pais pensa, a convivência com cães não é perigosa para o aparelho respiratório das crianças. Pelo contrário, pode ajudar a prevenir doenças respiratórias sobretudo a asma. Quem o diz é a Universidade da Califórnia que detectou que o pó das casas com cães é mesmo eficaz na protecção de infecções e no fortalecimento do sistema imunitário. Os resultados já foram publicados há algum tempo através da American Society for Microbiology (ASM). Os investigadores aperceberam-se de que a inalação do pó com micro-organismos caninos é capaz de desencadear uma protecção contra o RSV - o vírus responsável por variadas infecções respiratórias infantis.



Para isto, foram realizados testes em ratos. Os que foram alimentados por uma solução que continha o pó não exibiram sintomas de infecção após exposição ao vírus RSV, tendo os micróbios de origem canina desempenhado  aqui um papel vital ao conseguirem accionar uma resposta do sistema imunitário. Este é um passo importante não apenas no combate às doenças respiratórias infantis mas também ao desenvolvimento emocional das crianças que se sabe beneficiar bastante do contacto com animais de estimação.


quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Exercício na Adolescência pode prevenir Cancro na idade adulta

A importância da prática de actividade física regular é sobejamente conhecida. No entanto, sabe-se também agora que esta prática na adolescência poderá futuramente prevenir o aparecimento de cancro. Estes benefícios são mais visíveis ainda quando falamos do sexo feminino.

Investigadores da Vanderbilt University no Tennessee mostraram, através dos resultados obtidos, o impacto que o sedentarismo poderá ter na saúde ao longo da vida, sobretudo quando esse sedentarismo ocorre em idade de crescimento. 



De acordo com a investigação, a prática - apenas - 1 hora e 20 minutos de exercício semanal durante a adolescência poderá reduzir em 16% o risco de cancro desenvolvido entre os 40 e 70 anos. Para além deste benefício, a mortalidade por outras causas, nomeadamente ataques cardíacos e AVCs também poderá ser reduzida da mesma forma em 15%.


Os investigadores acompanharam dados de 75 mil mulheres chinesas, com idades compreendidas entre os 40 e os 70 anos, a quem foram também perguntados os hábitos de exercício durante a sua adolescência. Estas mulheres foram seguidas num estudo longitudinal ao longo de um período de 13 anos. Os resultados foram publicados e poderão ser lidos no jornal científico “Cancer Epidemiology, Biomarkers and Prevention”, revelando que as mulheres que tinham praticado exercício regular entre os 13 e os 19 anos corriam menos riscos de mortalidade entre os 40, 60 e 70 anos e estavam sobretudo protegidas contra o cancro. Mais ainda acrescentaram que as que também se mantinham activas na idade adulta reduziam em 20% estes riscos.


SolSchool - o seu complemento educativo em Alverca

terça-feira, 4 de agosto de 2015

Boas Férias!

A Solschool deseja a tod@s umas excelentes Férias! Em Setembro arrancamos com as nossas actividades. Esperamos vê-los por cá!